14 de novembro de 2009

Hoje acordei e encontrei-me preparada para falar de Ti. Sim de Ti.Ensinaste-me a ler e a escrever, mesmo que não soubesses uma única letra, mas ensinaste-me a ler cada palavra, porque Fizeste, Fazes e Farás para Sempre parte de Mim e da Minha Vida. As duas escrevemos a nossa história d' entre Mil Histórias existentes por entre montes e vales no teu cantinho.

Soubeste ensinar-me a ler a importância das raizes e da Terra, da minha terra, agradeço-te Lembrando-te nestas letras. Quando me preparavas bolinhos especiais, ou panquecas, ou bolachas que tinham o sabor a limão ou o "caldo", eu sorria, para mim aqueles lanches foram sempre os melhores, os melhores de qualquer lanche que já tenha comido. Quero que saibas que Te Amo e que estarás sempre comigo tal como os teus ensinamentos. Duas palavras ...Adoro-te&Saudade...

13 de maio de 2009

"O MOSTRENGO
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou trez vezes,
Voou trez vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou trez vezes,
Trez vezes rodou immundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-rei D. João Segundo!»

Trez vezes do leme as mãos ergueu,
Trez vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer trez vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quere o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
D' El-rei D. João Segundo!» "

Fernando Pessoa

16 de fevereiro de 2009

Apenas Maldita...

Maldita sejas! Sim tu, que avanças sem dar tréguas, sem dar sinal que existes,invisivel, silenciosa e mortal, de cheiro pútrido, modo antipático, lanças estopadas sem sinal de fraqueza. Fico a ver-te avançar, sem nada poder fazer porque estou tão fraca, consigo ver a minha cara inerte, pálida, de olhos encovados reflectida naquela poça de água onde além de me reflectir vejo também os lismos que ali se formaram, deixaram de contar o tempo, como eu....Sentia agora gotas de suor que deslizavam sobre as costas, estavas a chegar...leve,sensasionalista, assobiavas de felicidade, alimentavas-te de mim, da minha alma ... aos poucos senti-me ultrapassada por ti!!
Abri os olhos, esbugalhei-os, alucinações que me tiravam a força para continuar, parecia real, que ela estava ali e que eu estava deitada a seu lado a observá-la. Acordei. Soletrei o seu nome. Divaguei. Como pude acreditar...Continuava deitada sobre a lama, aquela chuva intensa sobre mim, sobre os filhos de ninguém que sobreviviam àquela cruel e invisivel a que todos davam O nome. Fui feliz, fui triste...
Fui apenas.